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OPINIÃO: Pouco a comemorar

Estávamos em aula discutindo o porquê da despreocupação com as questões ambientais. Apesar da importância unânime, na prática ela não se verifica. Um dos motivos concluídos é que os ganhos esperados e desejados tem ser rápidos e imediatos. E em se tratando de meio ambiente, geralmente os efeitos, sejam negativos ou positivos, são a longo prazo. É só observarmos as mudanças climáticas; a extinção de espécies; o surto de uma doença, a destruição de um rio. O cenário vai sendo montado lentamente, até que a exemplo de um copo cheio, uma gota é suficiente para que transborde. "Depois do leite derramado, chorar não é proveito", diz o ditado popular. Prevenir não é prática corrente. O comum é apagar incêndio, ou seja, agir na consequência. Um exemplo é o vergonhoso surto de toxoplasmose em nossa cidade, cuja identificação das causas, assemelha-se a perseguição de gato e rato.

E rato esperto, tipo o Jerry que sempre aparece em um local inesperado ou preparando uma nova armadilha para o Tom. Uma perseguição interminável que só reforça a esperteza do ratinho e a incapacidade do gato. Sucedem-se governantes e as ações implementadas buscam resultados rápidos, o que tem levado a deterioração do meio ambiente e da história de Santa Maria. Tem mais visibilidade prometer a redução de filas nos postos de saúde do que planejar ações de saneamento ou implantar a coleta seletiva ou proteger as áreas de preservação. É mais fácil propor mudança no plano diretor, flexibilizando o surgimento nos morros da cidade de luxuosos condomínios, os quais se denominarão "sustentáveis, ecológicos, verdes" para atrair compradores, em vez de propor programas de moradia popular que poderiam evitar as invasões e conferir uma condição digna, a quem precisa de um lugar para morar.

A proposta é tão absurda quanto a sua justificativa. Os nossos representantes, em vez de legislar para preservar este patrimônio, são os primeiros a ceder à especulação imobiliária e à pressão de grupos privados que serão os únicos ganhadores, se a proposta for aprovada. Sustentabilidade é também redução de desigualdades sociais e proteção ambiental. A altera- ção encaminhada à Câmara de Vereadores está longe de proteger a principal marca da paisagem da Santa Maria da Boca do Monte, os morros. Esta semana, a comunidade santa-mariense ainda está incrédula com os fatos que conduziram à demolição de parte do Colégio Centenário - história da "cidade cultura" e da educação reduzida a pó. Festejar o aniversário de Santa Maria é tapar o sol com a peneira.

É irônico! Na minha visão, temos pouco a comemorar e muito a repensar. A exemplo do ditado árabe: "quem planta tâmaras, não colhe tâmaras", a colheita destas ações insanas e destruidoras será das gerações futuras para as quais o clima se tornará cada vez mais árido, a água mais escassa, a biodiversidade cada vez menor e a história não passará de mera lembrança.

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